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Preservação do meio ambiente: manifesto do Chefe Seattle ao presidente dos EUA

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Afrânio Mendes Catani

Professor na Faculdade de Educação de Universidade de São Paulo (USP)

Seattle (Chefe Indio). Preservação do meio ambiente - manifesto do Chefe Seattle ao presidente dos EUA. São Paulo, Babel Cultural, 1987, 47p. (Trad. Magda Guimarães Khouri Costa.)

A Editora Babel Cultural, no inicio de suas atividades, acaba de lançar, numa tradução de Magda Guimarães Khouri Costa e com 20 ilustrações de Vera Rodrigues, o Manifesto do Chefe Índio Seattle. Ele escreveu Preservação do meio ambiente em 1855, respondendo à proposta do então presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Pearce, que desejava comprar a terra dos índios.

O editor Sérgio Amad Costa informa, na Apresentação, que o Manifesto foi traduzido da versão original localizada na Seattle Historical Society, em Washington. Fica-se sabendo igualmente, que o "chefe Seattle nasceu em 1790 e morreu em 1866 Liderou os Duwamish e as tribos Suquamish, Saminlsh, Skopamish e Stakmish, sendo o primeiro signatário do tratado de Port Elliot, pelo qual estas tribos se submeteram às imposições governamentais dos EUA, recebendo, em troca, uma reserva indígena. Cumpre lembrar, também, que a cidade de Seattle, nos EUA, tem este nome em homenagem ao chefe dos Duwamish" (p. 5).

Embora escrito há mais de 130 anos, o manifesto é considerado como um dos mais profundos pronunciamentos sobre a defesa do meio ambiente, sendo de uma atualidade indiscutível. Isto porque chama a atenção para a falta de respeito e de cuidado com a terra e, conseqüentemente, com o equilíbrio ecológico.

Seattle começa sua resposta ao Presidente Pearce afirmando que o seu povo irá considerar a proposta recebida para vender mais suas terras, embora se pergunte: "É possível comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal Idéia é estranha fiara nós. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como podem comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada areia da prata, cada bruma nas densas florestas, cada clareira e cada inseto a zumbir são sagrados na memória do meu povo. A seiva que corre através das árvores carrega as memórias do homem vermelho (...). Somos parte da terra e ela é parte de nós (...), Deste modo, quando o grande Chefe manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós (...). Consideraremos sua oferta de comprar nossa terra. Mas não será fácil, pois esta terra á sagrada para nós" (p. 11, 13 e 15).

Em sua sabedoria, o Chefe Seattle dá conselhos ao homem branco, lembrando que deve ensinar às crianças que "os rios são nossos irmãos", que "a terra é nossa mie". Assim, "tudo o que ocorrer com a terra ocorrerá aos filhos da terra, Se os homens desprezam o solo, estio desprezando a si mesmos (...). O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra, O homem não teceu a trama da vida; ele é meramente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo" (p. 19, 35 e 39).

Nos dias de hoje, observa-se uma série de modismos envolvendo a questão ecológica, com partidos políticos e grupos de interesse das mais diversas tendências se organizando em torno dessa bandeira. Modismos e oportunismo! à parte, creio que todos os cidadãos - principalmente os que vivem nos grandes centros urbanos - deveriam se ocupar na sentido de preservar os rios, os lagos, as praias, as florestas, os animais e as montanhas. Caso isso não ocorra, como nos lembra Seattle neste belo livro (em que texto, ilustrações e capa se integram com harmonia), "é o fim da vida e o início de uma subvida" (p, 45).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1988
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